Munique, ou München em alemão, é a 3º cidade mais populosa da Alemanha, e a capital do estado da Baviera (Bayern, em alemão). Ela está na região mais bonita da Alemanha, e a partir dela pode-se fazer o tour romântico pelo sul do país.
Começamos a notar a diferença pelo caminho do trem. Escolhemos esse meio de transporte porque, mesmo sendo um pouco mais caro, é bem mais confortável e rápido do que ir de ônibus. De Frankfurt pra Munique são mais ou menos 3hrs. Compramos as passagens no site da Deutsche Bahn. É possível colocar em inglês ou espanhol, o que facilita a compra. Pensávamos que seria difícil encontrar o trilho e o vagão do trem, e a princípio é mesmo. Na estação não costuma ter funcionários que te deem informação, só realmente no guichê da Deutsche Bahn. Então pedimos ajuda a qualquer pessoa que falasse inglês.
Imprimimos os cartões de embarque em alemão (porque sei lá, né?), então depois de perguntar, descobrimos o seguinte:
- Produkte: é nome do trem (por exemplo, ICE 525);
- Gleis: é o número do trilho (que fica bem grande nas estações indicando também o destino);
- Wg.: é wagon, ou seja, vagão. Esse é um pouco mais complicado de entender. Você tem de procurar um mapinha do trem (wagenreihungsplan) no trilho (Gleis) que ele vai chegar. Olha o nome do trem, por exemplo, ICE 525, e então olha o número do Wg e vê qual é a letra correspondente (A, B, C, etc). Ai você se dirige a essa letra lá no trilho. Ufa!
- Pl.: são os assentos. Às vezes pode ter alguém sentado, aí é só dizer: esse é meu lugar, eles saem, porque sabem que você comprou o lugar marcado.
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Frankfurt (Main) Hauptbahnhof |
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Como saber qual é o vagão |
Quando compramos pelo site, compramos pelo cartão de crédito, então é preciso ter esse cartão na mão quando o fiscal do trem passar e solicitar o bilhete. As passagens de trem, ida e volta, deram € 57,83 pra cada uma.
Uma coisa que achamos péssimo lá é que ninguém nos ajuda com as malas. Pra entrar no trem precisávamos subir alguns degraus, e lembra das nossas malas? Pois é, não era nada fácil... mas ninguém nos ajudava. Segundo Pascal (meu amigo alemão que estávamos indo encontrar em Munique), eles não fazem nada sem que você peça. Eu realmente acho q não tinha a necessidade de pedir. Éramos 2 mulheres magras com malas pesadas! Mas ok, obrigada por isso feminismo!
Chegamos à estação central München Hauptbahnhof às 11hrs, e nosso amigo foi nos buscar. Foi muito legal revê-lo depois de 5 anos! Como era uma quinta, ele não pôde ficar conosco, então nos levou à sua casa para deixarmos as coisas. Ele mora numa ótima localização no bairro Lehel. Fica bem próximo do rio Isar e de vários pontos turísticos. Fizemos tudo andando!
Como já era hora do almoço, resolvemos ir a um dos pontos mais famosos de Munique, provar as famosas salsichas alemãs e, claro, a cerveja! Fomos então para Hofbräuhaus, a cervejaria mais famosa de Munique. Ela foi fundada em 1589 pelo Duque William V da Baviera, mas seu consumo era só para a realeza. Em 1828 foi que o rei Luís I abriu a cervejaria para o público, diminuindo até os preços pra que fosse acessível. Muitos encontros do partido nazista foram realizados na HB, e durante a 2º guerra ela foi destruída, sendo reconstruída em 1958.
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Hofbräuhaus por dentro |
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Hofbräuhaus por fora |
A cervejaria é um charme! Cheia de turistas e funcionários com as roupas típicas alemãs. Uma bandinha tocando música típica te deixa bem no clima pra experimentar a culinária. Tivemos dificuldade com o cardápio, que possui versões em alemão e inglês, mas um amigo alemão no Brasil nos disse para experimentarmos a salsicha branca ou vermelha, frita, e com mostarda doce. A garçonete não sabia falar inglês direito, então foi um estresse! Mas no final das contas, conseguimos pedir. Tomamos a cerveja tradicional, e só tem 2 opções de tamanho: meio litro ou 1 litro! Eles realmente bebem muita cerveja! Durante a Oktoberfest, chegam a tomar 10 litros de cerveja POR DIA! Enfim, eu gostei do sabor da salsicha, que foi servida com um tipo de purê de batatas (que estava um pouco frio, mas sei lá se é assim né?), mas realmente não gostei da cerveja. Eu já não gosto da cerveja do Brasil, e a de lá achei ainda mais amarga! Bem, durante o resto da tarde eu e Laís ficamos nos sentindo mal, enjoadas, nem precisa dizer que não comemos mais a salsicha ou bebemos a cerveja durante o resto da viagem né?
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Comemos wollwürste com uma Hofbräu original |
Segundo o meu amigo alemão, apesar de famosa, a Hofbräuhaus não é a cerveja mais saborosa. Ele me deu 2 indicações de cerveja que eu trouxe pro Brasil: a Tegernseer, muito típica da Bavária, e a Warsteiner, a predileta dele.
Da Hofbräuhaus fomos andando até a Marienplatz. Fundada em 1158, no centro da praça se encontra a Coluna de Maria (que dá o nome à praça), além da Neues Rathaus, que é a câmara municipal. Construída entre 1867 e 1908, o prédio em estilo neogótico possui uma atração turística, o Rathaus-Glockenspiel. Trata-se de um relógio com carrilhões que todos os dias às 11hrs (também 12hrs e 17hrs no verão) toca uma música característica alemã e anima seus bonecos, que contam histórias do século XVI. A parte de cima conta a história do casamento do Duque William V (o mesmo que fundou a HB) com Renata de Lorena (região do nordeste da França). Em honra ao casal, há uma luta entre cavaleiros da Baviera e da Lorena, e o cavaleiro da Baviera ganha, lógico. A parte inferior do relógio apresenta a Schäfflertanz, uma dança típica de Munique. De acordo com a lenda, em 1517 houve uma praga, então eles dançaram com anéis de flores pelas ruas para trazer vitalidade. A dança então passou a se tornar um símbolo de fidelidade às autoridades em momentos difíceis. Como tradição, ela é realizada em Munique de 7 em 7 anos; a próxima, só em 2019!
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Olha ali o Rathaus-Glockenspiel |
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Neues Rathaus na Marienplatz |
Foi ali na Marienplatz que vimos como Munique é uma cidade internacional! De orientais a mulçumanos (MUITOS MESMO!). Dali andamos um pouco pela Kaufingerstraβe, uma rua cheia de lojas como Chanel, C&A, etc.
Ao redor também estão as igrejas Frauenkirche, famosa pelas abóbadas verdes e porque possui uma linda vista panorâmica da cidade, e a Peterskirche, onde também é possível subir e ter uma vista de Munique.
A 400m da Marienplatz está o Viktualienmarkt, um mercado ao ar livre onde podemos encontrar pães, geleias, queijos, peixes, azeitonas, artesanatos, etc. Lá também tem o famoso biergarten, que são mesas ao ar livre compartilhadas para degustação de cerveja, muito comum em Munique. Por ali perto do Maibaum (tronco decorado com as cores azul e branco onde são fixados os símbolos de várias profissões manuais e artesanais) vimos várias pessoas vestidas com as roupas típicas alemãs. Pensamos que fosse algum evento, mas não! Eles se vestem assim mesmo no dia a dia se o tempo estiver propício! Achei muito interessante como eles levam seus costumes e tradições ao pé da letra!
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Maibaum |
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Biergarten |
Agora vamos pro outro lado da cidade (e pra outro dia também). Começamos o domingo pelo Olympiapark, o Parque Olímpico construído para as Olimpíadas de 1972. Esses jogos ficaram marcados como o maior pesadelo já ocorrido na história das Olimpíadas. Conhecido como o “massacre de Munique”, oito árabes do grupo terrorista Setembro Negro invadiram a vila olímpica, mataram dois membros da equipe de Israel e fizeram outros nove de reféns, que acabaram sendo mortos depois. Apesar da triste história, o Parque Olímpico continua a servir hoje como um local para eventos culturais, sociais e religiosos. Ali pertinho do Olympiapark está o complexo da BMW (fábrica, museu e escritórios). O prédio mais famoso, conhecido como BMW- Vierzylinder, é muito pitoresco, e parecem turbinas.
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Prédio da BMW |
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Olympiapark |
Depois de almoçar, fomos conhecer o rio da cidade, o Isar. É muito interessante como as pessoas vão para as margens do rio como se estivessem na praia, com cangas, de biquíni, etc. Caminhando pela margem, chegamos até o Friedensengel, ou anjo de ouro, presente da França. Depois de andar pelo Maximiliansanlagen, um jardim onde vimos muita, muita gente andando de bicicleta, desde crianças a idosos, fomos em direção a um dos 4 portões de Munique, o Isartor, que serviu como uma fortificação para defesa. Construído em 1337, ele hoje abriga um museu, que é dedicado ao comediante e ator Karl Valentin, e um café para os visitantes.
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Friedensengel |
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A "praia" às margens do Isar |
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Isartor |
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Com nosso amigo Pascal no Maximiliansanlagen |
A 1 km dali está o Münchner Residenz, palácio que foi a residência oficial dos duques, dos eleitores e dos reis da Baviera, que hoje possui um museu de decoração de interiores considerado um dos mais belos da Europa. Em frente a ele, o lindo jardim Hofgarten abriga o Dianatempel. Criado entre 1613 e 1617, é um pavilhão com 8 entradas. Para coroar a beleza do jardim e do templo, lá dentro estava um violista agradando nossos ouvidos. Ficaria a tarde inteira ali!
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Dianatempel no Hofgarten do Residenz |
Voltamos para a famosa Odeonsplatz, uma grande praça que tem sido tradicionalmente um importante local de desfiles e eventos públicos. Em 1923, uma marcha nazista terminou em um tiroteio em que quatro policiais estaduais e 16 nazistas foram mortos. Foi então construído um memorial o qual todos que passavam eram obrigados a honrar com a saudação de Hitler. Esse memorial foi demolido em 1945 e os quatro policiais passaram a ser lembrados com uma placa na calçada, e em 2010, com uma placa na parede da Residenz.
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Odeonsplatz |
Da Odeonsplatz até o Siegestor estava acontecendo um evento de rua na Ludwigstraße, com tendas de comidas, jogos, dança, etc. Estava cheio de gente de tudo quanto é tipo! Chegamos ao Siegestor, um arco do triunfo com um leão no topo, símbolo da família governante da monarquia bávara. Ele é um portão dedicado à glória do exército da Bavária, que sofreu muitos danos na 2º Guerra, ia ser demolido, mas foi restaurado. Na parte de trás pode-se ler: Dem Sieg geweiht, vom Krieg zerstört, zum Frieden mahnend (Dedicado à vitória, destruído pela guerra, exortado para a paz).
Ali do lado está o nosso último ponto turístico, o Englischer Garten, um dos maiores parques do mundo! Ele me surpreendeu! É lindo! E com aquela característica: como era domingo, estava cheio de gente tomando sol na grama, ou tomando banho no gelado rio Isar. Numa determinada parte dele, um lado se torna nudista! Enfim, ele é imenso, e numa parte do rio você até pensa que é um parque de diversões, por causa da correnteza. Em outro ponto, as pessoas praticam surf! É, surf no rio. As ondas são provocadas por um vácuo, e também parece ser um parque de diversões. Muito peculiar!
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A "praia" no Englisher Garten |
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Lindo Englisher Garten |
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Surf no rio! |
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Você acredita nisso no meio da cidade? |
Em Munique também provamos o famoso pretzel (ou Brezel, em alemão). Um pouco diferente do que eu conhecia aqui no Brasil, ele é um pão tradicional, seco, habitualmente assado e salgado, beeeem salgado! Eu achei um tanto massudo, e essas pedrinhas brancas na foto são pedras de sal! Eu tirei todas porque fica realmente muito salgado!
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Pretzel e as pedrinhas de sal |
Bem, isso foi tudo o que conseguimos ver de Munique em 2 dias que estivemos lá. Me deixou com gosto de “quero mais”. Eu gostei muito da cidade e do quanto ela respira história. Nunca tinha pensado em ir pra Alemanha, mas Munique fez valer a pena e me fez querer voltar!
Fotos: Laís Dourado e Aline Brandão